quarta-feira, 2 de março de 2011

Black Swan






Bom, aí vai um filme q super recomendo! Enrolei bastante pra assistir e confesso q só o balé me fazia querer vê-lo, mas enrolei bastante e passado o Oscar e Natalie Portman ter ganhado, ainda sim estava desanimada. Por fim, peguei uma enchente e fiquei presa no shopping com o Durval, aí fomos ao cinema!
Filme maravilhoso, não sei se Natalie Portman aprendeu a dançar, se sabia dançar ou se foi duble, não interessa, mas q convenceu,  convenceu, opa e como! E olha q entendo um pouco de balé.
Achei incrível a fotografia, a granulação inicial, deliciosa, de uma harmonia deliciosa mesmo de ser observada, simplesmente amei. Amei as tomadas de cena, bruscas, sem aquele jeitão de coisa filmada no tripé. As cores, o ritmo, adorável!
Mas o q realmente me interessou foi a história, quando saí do cinema até comentei com Durval q nem um terço dos expectadores ali tinham compreendido metade do que se tratava o filme! Dito e feito, nem bem saí do cinema, o menino atrás comentava com a namorada que o filme era de auto-ajuda(!), meu filho, vc obviamente na está preparado pra este tipo de filme.
O filme escancara comportamentos que quase todos nós temos em grande ou pequena escala, ele abre as portas para nos observarmos de forma bem intensa. A personagem Nina é perfeccionista, tem baixa auto-estima – daí vem o desejo de ser perfeita assim sendo acredita que será aceita. É infantil, têm problemas com assumir responsabilidades e crescer, amadurecer, o q é agravado pela sua mãe, que a trata como uma menininha, assim pode  mantê-la nas  rédeas curtas. Mãe esta que é uma frustrada, invejosa, que a culpa pela perda de sua carreira, sendo q quando Nina nasceu, a carreira da  mãe além de nunca ter embalado, não se perdeu por cota da idade avançada para o balé.
Devido a este auto-desconforto, ela tem problemas com sua sexualidade, aliás, com qualquer tipo de prazer, ela nega-se ao prazer, ela não gosta de receber nada de ninguém.  Numa cena a mãe lhe oferece um pedaço de bolo em comemoração e ela se nega a comer. Em várias cenas do filme o q ela come ela vomita.
Quando é escolhida para ser a rainha cisne, tem q interpretar o cisne branco e o cisne negro, a boa e a má – definição paupérrima, eu sei, mas pra compreenderem a dualidade. O cisne branco ela interpreta bem, segundo o cara do filme, mas o negro não, pq lhe falta tempero, sensualidade, ardil, aquele plus sabe, né? A personagem é uma sonsa filha da puta de carteirinha minha gente! Sabe aquela sonsa, com cara de sonsa, q fala baixinho, está sempre de roupa clarinha, diz amém pra tudo e recalca tudo, pois é, é ela! Uma infeliz q só sabe recalcar! Ela se vitimiza demais, chora, faz draminha e leva fumada do diretor do balé, claro,a final não dá pra ser o cisne negro fazendo draminha e se vitimizando!
O filme além de falar das sonsas e como elas se dão mal na vida, sonsas, enrustidas, recalcadas, fala tb da vitimização e da auto sabotagem. Esta última tratada de uma maneira super clara! A personagem se sabota demais e o diretor mesmo comenta – algo do tipo - que ela é a única  que está entre ela e o sucesso. Como ela não confia em si mesma, usa de toda a técnica do balé pra dançar bem, mas balé sem emoção não é balé. A colega dela cativa, mesmo dançando sem tanta técnica,mas a energia dela cativa, enfeitiça, pq ela se solta, deixa-se ser ela mesma,  curte o que faz,  está na dela, plena e feliz, sem ligar se amam ou odeiam ela, ela é. A personagem Nina, que nem sabe ao certo o q é, encontra-se perdida, pq ao despir-se da técnica pra dançar, resta o q? Nem ela sabe.
Falando de auto sabotagem, ela se machuca direto, se arrebenta legal e mesmo quando não, em seus delírios mórbidos ela se fere, se agride. Tb perde a hora de ensaio, ou apresentação, enfim, se “embaça”.
Muitas pessoas têm estes pensamentos mórbidos, poucos admitem. Quantas vezes ao atravessara rua, na mente  vem uma escânia e nos arrebenta? Está voando de avião e imagina que o avião vai cair, ou vc morre eletrocutado no banho, ou sei lá mais o que!!!! Mas estes pensamentos mórbidos  todos nós temos e a personagem tem e nos é mostrado! Passamos rapidinho por eles, fingimos que não temos, mas temos. O filme escancara isso.
A alergia q ela tem nas costas, lembra uma pele de ave, ela incorpora a personagem desta maneira, na verdade é uma somatização. Na história da ópera de Thaicovsky a heroína vira um cisne, no filme, a pernonagem somatiza, a doença “cisne”.
A mãe é outra participante deste ambiente doente, a trata como um neném, tira toda a liberdade dela, a personagem Nina é totalmente invadida, a desculpa da mãe são os infinitos cuidados  maternais e o amor imenso. Pois é, mais uma vez estamos vendo aquela típica pessoa controladora, invejosa que se disfarça na grande mãe amiga, que cuida, que ama, que se dedica. É uma puta relação doente, de parasitismo!
As pessoas se chocaram com a cena que ela recebe um sexo oral da colega de balé, que na verdade achei uma cena bem tranqüila, vemos  outras bem mais elaboradas em filmes pornôs, ahhh mas o q seria do cinema se não fosse o bom,velho e falso moralismo não é mesmo? Quantas pessoas que criticaram não  tem algo ali enrustidinho? Vamos concordar, faz diferença orgasmo com a amiga, sozinha, com o namorado? Para vai. A cena ali se tratava dela se masturbando, aquela  do sexo oral é ela mesma, o lado dela que deixa  as coisas rolarem, tanto fica claro q a colega nem dormiu em sua casa! Cena bem mais chocante, nem sei se chocante seria  o termo adequado, mas, inesperada, de boa sacada, foi ela se masturbando, mega empolgada e quando olha para o lado está sua mãe dormindo na cadeira. Ela se assusta, mega broxa, fica retraída, se encolhe pra dentro da concha da sua alma como se estivesse fazendo algo super errado. A tal da mãe sufocadora!!!  Pra mim, uma bruxa. Aliás, falando de inquilinos mentais, a voz da mãe fica ecoando na mente da Nina! Quantas vezes a voz de seus pais ficam aí te atazanando, não te deixando fazer nada em paz?
Bom, a personagem é dada a cometer pequenos delitos, como furtos, ela rouba objetos de uma outra grande bailarina q vai se aposentar e ela substitui (atriz Winona Rider), tentando assim, ser “perfeita” como ela.
O auge todo está rolando, ela começa a ter delírios ou é a imagem explícita do q acontece em sua mente perturbada, mostrada pra nós, onde ela vai se transformado  em um cisne negro! Achei ótima a demostração, pois quando deliramos, viajamos mesmo, neste nível, mas nem de longe falamos, imagina né? Vc aí admitir suas birutices mentais, ta bom!
Rola uma luta interior entre a travada infantil e a madura solta e ardilosa, elas se pegam direto. Na verdade, ela não consegue elaborar isso bem, pq as duas são um só, tanto o cisne negro e branco são a mesmíssima pessoa, não rola nada esquizofrênico  e sim uma sonsa enrustida que é uma pessoa filha da puta, auto-sabotadora, invejosa, vitimizadora, ardilosa e age assim pq não tem coragem de se assumir como é. A outra hipótese é que se mostrar o seu lado ardiloso, perverso, doentio, faz com que as pessoas tenham muita cautela com ela, aí perde-se o elemento surpresa. É muito mais vantajoso ser sonsa, pseudo-meiga, vítima, coitada, pq aí todos (os desavisados e ingênuos) lhe dão um tratamento especial, lhe poupar e ela vai poder certamente se aproveitar desta, vamos dizer, cegueira alheia e aprontar das suas.
Bom o final só poderia ser aquele mesmo, a morte dela na sua grande noite. E pq Ivi? Oras eu respondo! Se ela fizesse um tremendo sucesso, se ela começasse a assumir seus lados, se elaborar melhor, iria ter problemas com a mãe  q faz de conta que não vê que ela é adulta, por ser conveniente e Nina ainda quer ainda ser o neném da mamãe.  
Imagine ela bem resolvida com sua sexualidade, seu corpo, o q aconteceria? Provavelmente teria parceiros pra escolher, para serem seus namorados, marido, etc, isso implica em  amadurecer, assumir relacionamentos e mantê-los: coisa de gente grande. Mas o que ela não conseguiria mesmo seria lidar com a situação mais crítica de todas, a que realmente testa maturidade de qq um ser: aceitar que as coisas um dia acabam. Pois é, acabam mesmo, e ela deixaria de ser uma bailarina um dia,  deixaria de ser a estrela do show por diversas razões e  seria substituída assim como a personagem de Winona Rider foi. Isso é muito para a cabecinha infantil dela. Resta apenas morrer e não lidar com nada disso. Morrer no auge, de forma dramática e inesquecível (mal sabe ela q futuramente só se lembrarão dela “male má” no aniversário de vida e de morte!) e não lidar com a mudança, o fim, estas coisas de sempre que mesmo assim penamos!







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